Eu fujo

Sinto-me repleta de um cansaço desses que agarra na cintura da gente e nos joga na cama com força fechando lentamente as pálpebras dos olhos para costura-las com uma linha mágica que vai se desfazer automaticamente quando tudo melhorar … mas não é assim que a vida funciona, e não é em mim que este cansaço vai encontrar abrigo; portanto sacudo a poeira e me alegro quando acordo cedo, quando sinto o cheiro do café fresco e saio de casa deixando o ar invadir meus pulmões furiosamente ao subir 05 lances de escada correndo.
Mas este cansaço é teimoso e na hora do almoço me toma pela mão outra vez, faz charme … se insinua e tenta novamente me levar pra cama; mas eu fujo dele, olho vitrines, assisto as pessoas que vão e vem, tomo café e subo correndo as escadas trancando-me no banheiro. Algumas posições de yoga, respiro e vou desbravando a tarde que pesa nos meus ombros.

 

Dia após dia nesta brincadeira de gato e rato, me esquivando dos meus próprios monstros, me escondendo dos medos e aterrando sem refletir, as angustias e dores que eu sequer conhecia.

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