Be Slow

As sirenes das ambulâncias que entravam e saiam do hospital a algumas quadras dali já não eram escutadas há muito tempo, o corpo sentia aquelas ondas, os tímpanos vibravam com aquele ruído, porém o consciente já não percebia aquele barulho com a mesma intensidade que antes. Era um som costumeiro, desses ao qual o ouvido já havia se acostumado.
Havia 07 anos que morava naquele mesmo apartamento e em nome de mais qualidade de vida foram testados:
  • Diversos layouts de aproveitamento de espaço,
  • Todos os conceitos de decoração e os não conceitos também.
  • Inúmeros experimentos com jardinagem, sobretudo a comestível.
Contudo criar um recanto de paz para retornar todas as noites se tornou insuficiente, era necessário desacelerar de dentro para fora. E não era apenas a yoga, a respiração, a dança ou até mesmo a terapia que iria resolver a questão, o momento pedia para aquietar a mente e o coração, diminuir o consumo, aproximar-se cada vez mais da natureza e DESACELERAR A VIDA.

 

O sol aos poucos desaparecia no horizonte, a lua cheia, prestes a se iluminar com a força do fogo solar na noite fresca de outono trazia para terra, para as plantas e para toda gente a força do re-começar. Bastava manter a disciplina para transgredir as urgências todas que a cidade nos imputou.
Chega de carência por assuntos, afazeres, prazeres e coisa e tal. Agora cuidar do básico se tornava essencial para que conseguisse sobreviver ao mundo.
Trocar os produtos de limpeza, ir mais vezes a feira, diminuir a geração de lixo e ressignificar o que a moda e o designe representam, se tornou definitivamente o passo inicial.
Mari Araújo
Sobre a Imagem de capa:
Descobri recentemente que os lambe-lambe fotografados  são de autoria de Lau Guimarães , o facebook chama-se microroteiros da cidade.
Tirei esta foto na avenida paulista em um tapume de prédio em construção, foto tirada em 2012, informações sobre imagem atualizada em 2014..
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