Matriarcado

Civilização Minóica, Sociedade Matriarcal da era do bronze

Muito tem se falado sobre o Matriarcado, em seriados, memes e outros tipos de correntes que circulam na internet, a expressão matriarcado ganhou lugar de destaque não apenas nas rodas feministas. Fato é que mesmo em uma sociedade onde o homem vem exercendo uma posição de dominância é a matriarca da família que tem o poder de guiar os mais novos por caminhos e escolhas que mudem a sua própria história e a história da humanidade.

O que é o Matriarcado?

A palavra matriarcado é utilizada para representar uma sociedade governada por mulheres-mães.
Muitas vezes esta expressão é utilizada erroneamente para referir-se a comunidades onde a mulher exerceria um poder de dominância, porém ao estudarmos a semântica da palavra matriarcado que vem do grego μητέρος ἀρχή e pode ser traduzida como “mãe das regras” ou “mãe do inicio”, percebemos que esta palavra pode ser interpretada de duas formas:

  • A primeira faz analogia a dominância exercida pelas matriarcas, como ocorre no patriarcado, regime vigente hoje onde o homem exerce um papel de dominância sobre a sociedade, elaborando regras para manter o controle.
  • A segunda faz analogia ao inicio da vida, ao pilar de ensinamentos práticos e psicoemocionais que moldam o ser de forma empática e respeitadora, descartando a necessidade da imposição de regras.

Matriarca Significado

Matriarca é a mãe que exerce autoridade de chefe sobre a sua família e descendentes em geral. Geralmente chamamos de matriarca as mulheres mais velhas e sábias da família como as avós, bisavós e mães cuja os conselhos podem influenciar diversas gerações.
Existem matriarcas que exercer uma manifestação do seu dom maternal através da dominância e outras matriarcas que exercem seu poder de forma mais humana e empática agindo como influenciadora e não como uma ditadora de regras.

A História do Matriarcado

A Vênus Paleolítica e a fertilidade

O antropólogo Bronislaw Malinowski considerado um dos fundadores da antropologia social, concluiu em suas pesquisas que o povo tribal tobriandeses da Melenesia eram liderados pelas matriarcas da tribo e que muitas áreas do conhecimento e também da organização civil da sociedade era regida pelas mulheres.Porém apenas em 1901 o arqueólogo britânico Sir Arthur Evans comprovou a existência da primeira civilização matriarcal. Conhecida como civilização minóica, esta sociedade habitou a grécia antiga entre os século 27 e 11 a.C. e possuí todos os indícios de ser uma sociedade governada por mulheres. Além disso em 1958 foi descoberta pelo arqueólogo inglês James Mellaartuma uma sociedade neolítica matriarcal na região da Turquia e hoje conhecemos pelo mundo algumas sociedades que mantém as matriarcas como guias de toda a comunidade.

O Matriarcado e a Mitologia

Tanto na mitologia Grega, como na mitologia Hindu, Africana e Nórdica, existem relatos de sociedades matriarcais ancestrais, regidas pelas deusas matriarcas. Estão espalhados pelo mundo ainda hoje templos que foram erguidos em homenagens a tais líderes como é o caso do templo a Deusa Oxum na Nigéria, o templo a Deusa Brigid na Irlanda entre outros.

Sociedades Matriarcais da Atualidade

Com a criminalidade chegando a quase zero, palavras como guerra e estupro não existem em seus vocabulários. Outro fator interessante é que desigualdade social e de gênero também não existem dentro destas comunidades.

Minangkabau

Localizados na Indonésia esta é a maior sociedade matriarcal do mundo, formada por aproximadamente 4 milhões de pessoas. Em Minangkabau, as mulheres são donas de todas as propriedades, que são passadas de mãe para filha. Para eles, a mãe é a figura central da sociedade. Nesta sociedade as mulheres cuidem do lar e os homens da política, e ambos os assuntos são tratados com a mesma importância. Os líderes são escolhidos pelas matriarcas e podem ser destituídos de seu cargo caso o comportamento do mesmo provoque divisões, violência, briga ou desigualdade social e de gênero dentro da comunidade.

Mosuo

Situada na China, a comunidade Mosuo esta na divisa com o Tibet e é chefiada por mulheres há milênios. Lá, é a matriarca que toma as principais decisões e administra as finanças familiares. São as mulheres que cuidam dos aspectos sociais da comunidade. As crianças são criadas coletivamente e algumas delas sequer sabem quem são seus pais já que as mulheres são livres para amar quem quiserem e quando quiserem, sem julgamentos ou estigmas. Em seu idioma não existem palavras como  “guerra”, “assassinato” ou “estupro”. Também não há cadeias. Sendo uma das últimas sociedades matriarcais ancestrais do mundo os Mosuo estão ameaçados pela curiosidade das pessoas de fora e o avanço da urbanidade.

Outras Comunidades Matriarcais Modernas

  • Aka: Na República Democrática do Congo, os Aka dividem a criação dos filhos igualitariamente. Enquanto os homens cozinham, as mulheres caçam e são responsáveis pela bem estar “sociopolítico” da tribo.
  • Garo: No estado de Meghalaya, na Índia, as mulheres cuidam de todos os aspectos da vida em sociedade. Quando se casam, é o marido quem adota o nome da mulher e são as mulheres que possuem os bens da família.
  • Comunidades Ribeirinhas do Amazonas: Algumas poucas famílias ribeirinhas da região amazônica ainda possuem como líder a matriarca da família para tomar as principais decisões sobre o futuro daquela família que vive fora do contexto da cidade e de suas regras patriarcais.
  • Famílias do Sertão Nordestino: Apesar de ser cada vez mais escasso casos de famílias matriarcais pelo mundo, em pequenos vilarejos do sertão nordestino é possível encontrar famílias que mantém sua matriarca como líder, muitas vezes isto ocorre pois devido a forte seca que assola a região, os homens acabam migrando para as cidades grandes deixando portanto as mulheres para cuidar da comunidade familiar e dos homens mais jovens.

Como Podemos Exercer o Matriarcado?

Mães são aquelas que tem a maior missão do planeta, a responsabilidade pela formação dos homens e mulheres do futuro. Fato é que as mulheres, através da maternidade, possuem o poder de governar o mundo, basta exercermos este dom de forma conectada com as necessidades do planeta, ensinando nossos filhos a honrarem o sagrado que habita neles mesmos e também em cada um dos seres.

A educação versus a tecnologia

Imagem de Folha Vitória

A tecnologia ocupa papel importante na vida das crianças da atualidade e como usa-la ao favor da própria criança, da família que a cerca e da comunidade como um todo é talvez o maior desafio da mãe moderna. Evitar excessos, retardar o uso até que a criança tenha maturidade intelectual e emocional para líder com algo tão viciante e permitir que o cérebro dos pequenos se desenvolvam é um tema recorrente nas rodas de mães que se preocupam com a formação emocional de seus filhos, para ler mais sobre esta assunto clique aqui.

A educação versus o consumo

Fonte Recicloteca

Vivemos atualmente em uma comunidade que valoriza muita mais o “Ter” do que o “Ser”, por isto, cabe as matriarcas do presente, conscientizar as novas gerações sobre o consumo consciente, a poluição global, o desperdício e futilidade que nos leva a achar que coisas e pessoas são descartáveis, desencadeando desta forma problemas como deficit de atenção, hiper-atividade, depressão, bipolaridade, síndrome do pânico entre outros.

É hora portanto de ensinarmos nossos filhos a desacelerarem e reduzir o consumo para melhorar a qualidade de vida. Práticas como o slow moviment são ótimas para nos ajudar com o primeiro passo para comer melhor, consumir menos e por consequência nos tornarmos seres humanos plenos e felizes vivenciando a harmonia com o todo.

A educação versus o respeito aos seres vivos

Imagem de Rogéria Botelho

Ao ensinarmos nossos filhos o auto-respeito e o auto-cuidado emocional e físico criamos indiretamente um elo de empatia com outros seres. A verdade é que para ensinarmos nossos filhos a respeitarem outros seres, precisamos antes de mais nada praticar o auto-conhecimento e a conexão com o sagrado dentro de nós. Para saber mais sobre estes assuntos clique abaixo:

Fontes:

Matriarchal societies Heide Goettner-Abendroth
O Cálice e a Espada, Riane Eisler – clique para download
Revista Galileu 2002

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