As Relações e as Sombras

Muda-se de companhais e reencontra-se os dilemas outrora abandonados juntamente com as relações anteriores que não “deram certo”, sejam relações profissionais, pessoais, familiares ou meros conhecidos. Vivemos em um mundo tão sombrio que criamos uma couraça forte o suficiente para manter a luz trancafiada e lutei para libertar essa luz, esse calor, esse fogo selvagem que alguns chamam “Alma”. Entretanto enquanto me auto-conhecia, percebi que ao invés de libertar minha luz o que eu precisava de verdade era aceitar e acolher minhas sombras para que assim eu leva-se uma vida mais leve para comigo mesma e com todos os demais, podendo enfim me livrar das mascaras sociais que me ajudavam a não olhar para as minhas próprias sombras.

Mas acolher as sombras e trazer a consciência, aspectos do nosso inconsciente (o tal ser selvagem), pode ser difícil, mas pra isto que existe o amor.

Acolhendo as Sombras

“Ninguém se ilumina imaginando figuras de luz, mas se conscientizando da escuridão”.
– Carl Jung, –

“Ao olhar para o outro me vejo”, esta é uma máxima que se manifesta durante atritos nas relações profissionais, pessoais, e conjugais, eu mesma, levei anos para perceber que aquele colega de trabalho irritante era na verdade meu melhor amigo se eu o olha-se como espelho. O mesmo para meus parceiros, quanto mais eles me irritavam, me machucavam e etc, menos eu os queria perto. E assim foi eu sempre terminando as relações, pelo simples fato de que era mais fácil direcionar meu incomodo para o outro ao invés de acolher nossas sombras e cura-las.

Mas não é fácil acolher as sombras

Acolher as sombras, dói, a alma, o corpo e o coração. Mechemos em diversas estruturas, no ego, no amor próprio, na noção de personalidade que temos.Somos muitas vezes tomados por uma raiva do outro que chega a nos envenenar. E não existe receita mágica que nos faça passar ilesos por cima desta dor. Existem sim ferramentas para facilitar este processo, contudo apenas quando experienciamos a nossa sombra e a sombra do outro é que podemos perceber quem realmente somos e qual é a nossa grande missão pessoal.

Ferramentas Auxiliadoras

E através de recursos naturais e pessoais, vamos ganhando força para lidar e enxergar os aspectos inconscientes da nossa personalidade que estão ali nos auto-sabotando e nem percebemos.

  • Quando dói muito, bergamota e quartzo rosa;
  • Se necessário deixar padrões comportamentais trás e ganhar força para levantar-se e renascer cipreste ou alecrim;
  • Para sair da histeria, sodalita e priprioca;
  • Quando preciso desligar-se do consciente e mergulhar no inconsciente através dos sonhos para alcançar um pouco mais de clareza ao despertar, artemísia;
  • Para me reconectar com quem sou e alcançar a luz em mim, turmalina, ponta de cristal e sálvia esclareia.
  • E como a maior ferramenta que podemos ter é a Coragem, para não abandonar o outro, pois ao abandonar o outro, estamos na verdade abandonando a nossa própria evolução, costumo recorrer ao cravo, lavanda, jasmim ou cedro;

E lembre-se, quando me refiro ao outro ele pode ser um amigo, amante, familiar ou um parceiro profissional.

Aquilo que projetamos versus quem o outro é

Assim como acolher o outro e a nós mesmo é importante, precisamos também diferenciar o que é nosso e o que não é. E a única forma de distinguir nossa projeções no outro e aquilo que pertence a ele e não a nós, é através da observação.

Ao observamos por exemplo um comportamento de opressão através do ego, devemos observar com carinho para o que sentimos quando temos nossas habilidades ou opiniões colocadas em jogo. O mesmo acontece com a histeria, aquela pessoa manifesta histeria no seu dia a dia e em outras relações ou será que esta característica só se torna evidente na relação que vocês compartilham seja você homem ou mulher?

Só ao nos distanciarmos das situações – sobretudo após brigas e discussões – e olharmos com carinho para nós mesmos e para o outro, conseguiremos entender o que é nosso e não é. Mas geralmente o que nosso é justamente o que torna a convivência com o outro difícil, portanto, observe-se, observe-se e observe-se.

A Cura Mora em Mim

A cura mora no auto-conhecimento e a partir do momento que percebemos em nós aquilo que nos fere e fere aos que nos rodeiam devemos encontrar também o caminho para transmutar o lado sombrio da nossa personalidade. Mas não seja um tirano consigo mesmo, dê-se o tempo necessário para aprender a lidar com suas sombras e não pense que é preciso se livrar delas para que você evolua, afinal de contas somos feitos de luz e sombra, bem e mal, positivo e negativo.

Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.
– Clarisse Lispector, Carta a Olga

Ao nos olharmos com atenção e sem preconceito e pré-conceito, podemos perceber que nossa sombra não é um inimigo a ser combatido e sim um aliado que nos fortalece e até mesmo protege e impulsiona. Por isto ao buscarmos transmutar nosso ser em nome de uma pseudo evolução, temos que nos preocupar na manifestação do nosso lado sombrio: Prejudicou o outro, distorceu a realidade, feriu a você mesmo e aos que você ama???

Ops, tem algo errado, e o melhor caminho para a cura é ser franco consigo mesmo e se auto policiar, mas não no intuito de domar as sombras, porque isto na verdade trataria-se de auto engano, o importante é a percepção do que desperta aquele monstro dentro de nós e o que podemos fazer para que este monstro torne-se suave como a noite iluminada pela lua cheia, que apesar de guardar surpresas nos caminhos, tem a luz branda e constante que nos permite enxergar com clareza onde iremos chegar e como faremos para tal.

A cura versus a auto destruição

Não há caminho a se percorrer, Algum Deus a se buscar, ou iluminação a se alcançar. Tudo já esta pronto como sempre esteve.

– ldegardo Rosa & Mateus Aleluia, Illusion’s Wanderer

Não existe formula secreta, já que a evolução é um tema complexo que nos faz tocar em dores que nem sabíamos que existiam. Além disso podemos somatizar emoções e adquirir doenças físicas ou até mesmo perder a segurança em nossa personalidade e desta forma entrar em processos depressivos e até mesmo, bloquear temporariamente nossa capacidade de evoluir. Justamente por isto tais processos são geralmente conduzidos por psicoterapeutas ou ainda são realizados através de entregas religiosas, e terapia naturais que visam a cura integral tratando tanto o corpo físico (matéria) como o corpo sútil (emoções e espirito).

Literatura Recomendada

Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo, Carl Jung

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