Tempo que resta

“O ontem só acabará amanhã e o amanhã começou há 10 mil anos.”
William Faulkner

 

 

Tempo, tanto já foi falado sobre este assunto que sinto-me acanhada em dissertar sobre ele, entretanto faz-se urgente em mim a necessidade de alterar a configuração do tempo que o atual cenário da humanidade imputou na nossa rotina.Todas as noites ao deitar aciono o meu despertador e cálculo quantos horas ainda me restam para dormir.
Ao acordar me questiono quantas horas ainda restam até que eu precise sair de casa.
Não me preocupo mais com a “hora que passa” e sim com quanto tempo tenho para executar a pilha de tarefas que preenchem os dias.
Calculando minuto a minuto, sempre em busca de uma brecha de tempo para que eu possa dedicar-me ao ócio que tanto amo.
E somos hoje escravos das 24 horas que foram instituídas com o único intuito de medir o tempo que passa ou resta, até o final do dia, do ano e assim vai …
Percebo portanto que a atual modalidade de contagem de tempo é puramente baseada em produção. “Tempo é dinheiro” e se o tempo é utilizado sem que se produza algo palpável aos olhos da sociedade, considere-se que o tempo (artigo de luxo) foi desperdiçado e recuso-me a carregar essa culpa impensada e a medir meu tempo de maneira tão leviana e ansiosa.
A essência que me habita clama por mais espontaneidade na vida antes que a alma fique  definitivamente enferma. Cronômetros acompanhados de ansiolíticos para minimizar essa culpa medonha chamada de ansiedade não me cabem.

É hora de carta de alforria, vamos curar o tempo em nós.

 

Por “tempos que passem” e não ao “tempo que falta”

 

 

Mari Araújo

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