Lembro como se fosse ontem a ansiedade que nos agarrava ( sim, nós hoje mulheres, até então debutantes) pela cintura com a expectativa de completar 15 anos. Adolescentes feitas tentando entender quem queríamos ser pro resto da vida. Que tolo isto !!!! “Pro resto da vida” aos quinze ainda não tínhamos a noção real de que pra sempre é muito tempo pra ser qualquer coisa.
Vinte anos
E nós ainda não entendíamos quem queríamos ser, mas acreditávamos que sim !!!!! E apenas eramos aquilo que nos parecesse conveniente; aquilo que achássemos mais prudente ou divertido de acordo com o humor; e é lógico que fazia todo o sentido até então ser governada pelo humor !!!! Senão todas, a maioria de nós mulheres criadas por pais que viveram sua juventude na década de 60 pensávamos assim.
Chegamos enfim aos 30, temidos 30 !!!!!
Ainda tentando decidir quem somos. Agora com um olhar mais critico sobre o mundo, e sobre nós mesmas.
E me pergunto, “Será que a gente acorda um dia sabendo exatamente quem a gente é???? ”
Eu torço para que não !!!!!!
E acredito que “saber-se” por completo é uma busca infinita
posto que somos seres mutáveis e isso é justamente a catapulta emocional que nos enche de motivação e de sede pela vida, mesmo que ignoremos tal fato.
Constante além da busca é apenas a arte de equilibrar-se na tênue linha que divide o bem e o mal e molda nosso carácter, nessa longa jornada em busca de nós mesmos.
E nos sobra aquela costumeira pergunta: “Quem sou eu afinal? A puta ou a Santa? A sensata, racional, gelada? Ou a latina insana, meio Bethânia, meio Índia, meio Negra, meio Frida????
Sou todas, sou nada …
sou barroca e modernista, clássica e contemporânea … e como já cantou Raul “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.”
E que assim seja, “saber-se” neste instante, sempre pronta para moldar-se a realidade que surgirá no instante seguinte.
Mari Araújo
Adorei!