O Pisca-Pisca de Natal

Na cobertura do prédio a frente tem um pisca-pisca, destes bem bregas e sempre brincávamos:
– Emergentes, só pode !!!!!!

Mesmo sabendo que o poder aquisitivo deles é 10 vezes maior que o meu, era sim, sempre uma piadinha sobre o infame pisca-pisca que deixa minha vista da janela da sala poluída com aquelas luzes horrorosas. Piadinhas, risadinhas, criticas e o desejo de morar naquela cobertura duplex com um pé direito de 04 metros e arrancar aquela coisa dali !!!!!

Isto até umas semanas atrás, quando minha filha e sobrinhas entre 04 e 07 anos me explicaram como era lindo e mudava de cor, e mágico de tal maneira que lembrava uma das minhas baladas (quando a criançada se reúne pra dormir aqui em casa, forro o chão da sala com plástico bolha, apago todas as luzes, ligo a música alto e coloco pra piscar todos os colares pisca-pisca made in 25 que eu encontrar pela frente e dançamos estourando com os pés as bolhas do plástico; elas chamam essa brincadeira da balada da Mari Maluketis).

Foi então que percebi que não importa como seja o bendito pisca-pisca, ele esta ali pra alegrar uma criança, pra colocar o sorriso no rosto de alguém muitas vezes cansado da vida, e desse dia em diante olho pro pisca-pisca e sou tomada por uma alegria que não tem porque … mas hoje aqui escrevendo com a casa silenciosa pois é meu fim de semana sem minha pequena, vejo o pisca-pisca apagado. Ele nunca ficou apagado desde que foi instalado há mais de 01 mês, provavelmente a família viajou ou sei lá … seja como for, a falta do pisca-pisca me deixou pensativa.

E olhando o horizonte sem aquelas luzes gritantes incomodando meu olhar posso concluir esta postagem dizendo que ninguém é completo sem conhecer a alegria da paternidade, pois são essas criaturinhas mágicas e pequeninas que nos transformam a cada dia na nossa melhor versão de nós mesmos !!!!

Não precisa ser filho do próprio sangue, nem alguém que a gente criei em tempo integral, vale vizinho, sobrinho, menino de rua … fato é que a completude vem do ato de compartilhar nosso dom de amar com o próximo para que ele se multiplique em nós e no mundo.