Ainda sinto em dias Úmidos e quentes, quando os ânimos estão altos e os diálogos entre as pessoas, morosos. Sinto, como se fosse semana passada… as vezes , sinto até como se fosse hoje. O grito … saindo de mim, mesmo, quando olho … silenciosa, dentro dos olhos de alguém. O grito, Que ecoou Sem som, Na garganta das minhas avós Em tardes corriqueiras. O grito, Que fez estrondo Ao sair do diafagrama De um ancestral açoitado. O mesmo grito, Que lembro, Como se fosse ontem, Saiu estridente e rouco De dentro, Para fora de mim. Sinto, os joelhos, Dobrados, Suportando o peso do meu corpo. O ar quente e úmido Como se aquele dia, Não inspirasse mudança alguma. Mas o grito, Ecoou, Preso nas partículas de h2o Que se prendiam ao ar e retardavam a expansão do som. O grito, Ao tocar o ar, Ficou ainda mais pesado. Pesado o suficiente Para libertar-me de velhos padrões E afastar-me dos meus próprios açoites. Era quase como se flutua-se Como o grito, Pairando e se locomovendo Rumo ao mistério De novos espaços. Ao flutuar, Na forma de grito, Me vi indefesa, ali, Ajoelhada. Me vi forte também, Libertando O velho grito, Aquele, Que tantas vezes, Me deixou calada. _______________ Mariana Araújo
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