O quadro no jardim ao lado

Aos poucos a gente vai mudando o foco … Vai indo junto com as coisas …

Caio Fernando Abreu
 
 
 
Hoje, apreciando do segundo andar do prédio, a chuva que caia sem cessar tentei entender a pintura de um quadro que estava jogado no chão do jardim ao lado; olhei fixamente por algum tempo mas parecia apenas tinta borrada misturada com os reflexos das gotículas de água que escorriam pela tela; quem sabe se eu estivesse um pouco mais perto … mas, não estava. E por não estar fiquei divagando sobre a distância ideal para aprecia-lo e retornei mentalmente a exposição Paradjanov, o Magnífico que esta acontecendo no MIS; fui a mesma acompanhada por minha filha e explicava para ela que não poderia ficar tão perto do quadro quanto ela estava, pois não conseguiria ver o todo e entender a obra; e ela brincando ia pra bem longe e dizia, que não conseguia ver os detalhes.
Pois é !!!! Tão pequena e tão sábia me trazendo juntamente com o quadro no jardim ao lado esta pequena epifania que decidi tentar aplicar a minha vida na tarde de hoje olhando para mim mesma e para tudo aquilo que me cerca com certo distanciamento, mas sem permanecer distante demais correndo o risco de não enxergar os detalhes desta obra na qual vivo submergida; após este exercício imensamente difícil que exigiu uma boa meditação antes, detectei alguns padrões e abandonei alguns medos e tenho um pouco mais claro oque é melhor pra mim, ao menos por hoje e em algumas das áreas da minha vida.
 
Mari Araújo
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