Acordou assustada, olhou em volta. Quarto vazio …
02 horas da manhã, virava de um lado para o outro da cama em tentativas inúteis de adormecer.
Tudo parecia suspenso no universo naquela madruga, e ela não entendia o por quê.
Mais um dia … algumas horas, era definitivo, o amor quase gratuito que a habitava havia fugido. Ele correrá em disparada rumo ao infinito com medo da próxima investida da moça.
O amor, se tremia todo ao lembrar das últimas vezes que ele esteve em ação, eram flores e suspiros e sexo selvagem e doce, era sangue, fugas, distância e caos; rotina, não era com ela e o amor ficou cansado de tentar se adaptar.
Vazia de tal emoção a moça se vislumbrou munida de seu poder de persuasão e do dom de desapego que a tomou.
Brincava de simular o amor em todas as história que criava na sua mente poética com personagens que cruzava no caminho. Ela vestia um personagem também. Perdia e ganhava nesse jogo, sempre quando e como queria, e se fugia, brincava de não voltar pois se tem uma coisa que adora, é a reticencias nas histórias que tem potencial para serem interessantes.
Ao encontrar iguais a ela, partilhava de momentos breves e mágicos de cumplicidade e empatia plena; depois partia, sem deixar rastros … Ela sabia que com gente vazia assim não se deve vacilar.
Mas a moça adorava brincar com fogo, e as vezes sentia prazer inclusive em se queimar.
E foi em uma dessas brincadeiras tolas que encontrou um personagem que a desafiava a ficar. Ela sabia-o como farsa, mas queria com toda a força desvendar até onde o tal sujeito ia chegar.
Portanto tirou sua mascara e decidiu não lutar, seria a presa fácil, a ovelha perdida, a moça ingenua que quer se apaixonar. Ao dar o último suspiro ainda ilesa, soube enfim que ele só pararia quando visse sua presa sangrar; e isto aconteceu justamente no instante que ao jogar no chão encharcado de álcool um fosforo acesso, ele a abandonou a incendiar …
O amor explodiu dentro dela naquele segundo que atônita sentia sua carne queimar.
Saindo dali, uma tequila com os amigos e chamuscada pela paixão passageira, sentiu-se pronta para descongelar.
Mari Araújo
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Adorei !!!!