Sabe, andei reparando, que as crises existências geralmente acontecem no outono enquanto as folhas das arvores caem lá fora.
Parece que o verão nos deixa tão cheios de novidades e experiências que vibramos durante toda uma estação até que subitamente sopra o primeiro vento gelado em março e chega a hora colocar tudo no lugar.
A intensidade do verão se vai aos poucos e vira outono em mim.
É como se eu passasse a guardar suprimentos emocionais para o inverno que se aproxima a cada dia mais e mais.
Talvez na verdade essa sensação outonal nem tenha explicação ou seja apenas um coincidência cósmica que não quer dizer nada.
Seja como for, fico reflexiva, horas enraivecida e tolamente apaixonada pelas coisas mais singelas que receba. Se ao menos conseguisse encontrar em algum mercado dessa metrópole super populada, algum chocolate amargo ou com 70% de cacau, eu me fartaria e essa mutação emocional, teria a possibilidade de ser um pouco mais suave … ou não.
Mari Araújo
como sempre…muito bom!